domingo, 19 de setembro de 2010

Museu Arqueológico Martins Sarmento

Tive recentemente oportunidade de visitar o Museu Arqueológico Martins Sarmento (MAMS), localizado na cidade de Guimarães. Um espaço bastante interessante, sem sombra de dúvida, pela quantidade inacreditável de espólio que reúne. Podemos "viajar" desde as primeiras comunidades pré-históricas até às grandes civilizações. Aqui encontram-se vestígios do neolítico, calcolítico, mas também dos celtas e dos romanos.
Enquanto contemplava aqueles maravilhosos artefactos, sempre com uma curta e concisa legenda, deparo-me com alguns (e não foram apenas dois nem três), cuja proveniência dizia "Almeirim".

Fiquei espantado, sem sombra de dúvidas. Estando a mais de 300 Km de casa, encontrar algo que lhe faça referência, ainda por cima num prestigiado museu, foi motivo de estupefacção. Ao dirigir-me ao responsável, e ter-lhe dito que era do concelho de Almeirim, e que tinha visto algumas peças daí originárias, a sua resposta foi um "sim, temos aqui muita coisa de Almeirim".

E eu apenas me interrogo: porquê? Porque é que um museu, longe de Almeirim, constrói a sua reputação com base na diversidade de espólio de vários locais, entre os quais Almeirim, e em Almeirim não há um simples museu arqueológico ou um museu municipal com uma secção de arqueologia, que esteja aberto ao público. Gosto de saber a história da minha terra. História essa que muitas vezes é documentada por estes pequenos objectos, que ficaram enterrados desde civilizações longínquas, e que os arqueólogos põem à luz do dia.

Será que nós, em Almeirim, não somos merecedores de conhecer a nossa história? Somos dos poucos concelhos do país que tem apenas um imóvel classificado (que julgo até pertencer a privados), o que mostra bem o descuido a que tem sido votado muito do nosso património. Não será, com toda a certeza, por não termos património, por não termos raízes históricas, mas sim por estas não terem sido valorizadas.

Ainda bem que temos os nossos artefactos a salvo no MAMS, em Guimarães. Estão longe de nós, mas pelo menos estão bem conservados. Se alguém os quiser contemplar, sabe onde os encontrar! E vale apenas os 300 Km, não só por este museu, mas por toda a cidade de Guimarães.

Deixo aqui fotos de alguns dos objectos cuja origem apontava para Almeirim. As fotos podem não estar muito boas, atendendo a que foram tiradas com um vidro entre a máquina e o objecto.


Um espelho. Foi o primeiro objecto que encontrei que fazia referência a Almeirim



Lucerna



Uma taça de vidro, associada a sepulturas



Enócoa de vidro egípcia 

Quanto a este último objecto, confesso que não sabia para que servia. O termo "enócoa" não surge no dicionário Priberam. Ao colocar no Google, apareceu referido em http://www.museunacional.ufrj.br/MuseuNacional/arqueologia/Cult_Mediter.htm como sendo "um jarro de alça única utilizado para servir o vinho da cratera para as taças".