sexta-feira, 10 de maio de 2013

Moinho de Cima


Este é o engenho de que temos a mais antiga referência: 1434. É neste ano que o monarca, D. Duarte, marca a divisão entre os concelhos de Santarém e Muge no sítio onde se localizava o Moinho da Regueifeira. Assim, podemos afirmar que este moinho já existia, anteriormente a esta data. Em 1459, quando é edificado aquele que viria a ser conhecido como o “Moinho do Meio”, é referido que este teria a montante o Moinho do Gonçalo, que acreditamos ser este. Aquando da demarcação da Coutada da Ribeira de Muge, em 1514, este moinho marcava o seu limite mais a jusante, e era conhecido como o “Moinho de Vasco Velho”.

 Carta Militar, com a localização do Moinho de Cima assinalada.

Nos cartogramas do séc. XVIII, que já referimos na Parte I dos Moinhos do Convento da Serra, este engenho surge com a designação de “Moinho do Policarpo”, na “Planta das Terras de Almeirim” e como “Moinho do Clérigo” na “Carta das Montarias da Villa de Santarém”. Henriques (2012), apresenta um registo de óbito Domingos Almeida, em 1754, que viva no "Moinho do Clérigo". 

Vista de uma das entradas no engenho, na empena.

Em 1830 este moinho é comprado por José António Pinhão às monjas de S. Domingos. Este desenvolve aqui uma grande produção de arroz, sendo que já no séc. XX, continuando o moinho (e a quinta) na posse da sua família, chega a ter aqui uma máquina a vapor, para auxiliar neste processo.

Um dos casais de mós, cintados a ferro, e com várias pedras sobrepostas a fazer de pouso.

Quanto à sua parte tecnológica, este é um moinho de rodízio, com dois casais de mós. Os rodízios já desapareceram, contudo, é ainda possível observar dentro dos caboucos os dois tubos de pressão. Relativamente às mós, estas são de granito. O pouso está montado com uma sobreposição de pedras, algo bastante comum nestes moinhos, e que transparece um certo sentido de economia destas. Cabe ainda referência ao diâmetro destas mós, que é um pouco superior aos demais moinhos que encontramos na ribeira.

Bibliografia e outras fontes:
- (1434). Chancelaria de D. Duarte I, livro 1, folha 924.
- (1460). Leitura Nova, livro 5, maço 1001, folha 198.
- (1775). Carta Geografica das Montarias da Villa de Santarem
- (s/d). Plantas da Terra de Almeirim
- Evangelista, Manuel (2011). Paço dos Negros da Ribeira de Muge: A Tacubis Romana. S/l: Edição do autor.
- Henriques, Eurico (2012). As Origens de Benfica do Ribatejo. S/l: ed. Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo.
- José Fernandes (fonte oral)

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