quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Museu e Igreja do Convento do Carmo – Lisboa

A origem do Convento do Carmo está ligada a D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431), Condestável do Reino e canonizado pela Igreja Católica em Abril de 2009. A sua construção tem início em 1389 e é sagrado o templo em 1423. Edificado em estilo gótico, foi habitado pelos Frades Carmelitas, Ordem em que D. Nuno ingressou, tendo vivido neste convento e aqui ficou sepultado, por sua própria vontade.

 Interior da igreja

Considerado um dos maiores e mais importantes edifícios góticos de Lisboa, não resistiu ao terramoto de 1755, que o destruiu parcialmente, quer pelo “abanão”, quer pelo incêndio que se seguiu, que destruiu grande parte das obras de arte que este tinha. Iniciou-se apenas no reinado de D. Maria a reconstrução deste espaço. Contudo, a falta de verbas vai arrastando as obras, chegando-se à extinção das ordens religiosas em 1834, acabando apenas por se reconstruir pouco mais que arcos ogivais do corpo da igreja.

 Interior da igreja

Em 1864 o edifício é entregue à “Real Associação dos Architectos Civis e Achéologos Portugueses”, sendo fundado aqui o Museu Arqueológico do Carmo, pelo seu presidente, o arquiteto Joaquim Possidónio da Silva. No espaço da igreja encontram-se várias peças escultóricas, como lápides funerárias e um túmulo manuelino.

Quanto ao interior, tem cinco salas, correspondentes à capela-mor e capelas laterais. A primeira tem artefactos pré-históricos, dos períodos do Paleolítico, Neolítico e Calcolítico, Idades do Ferro e do Bronze. A segunda sala tem artefactos romanos (marcos miliários, sarcófagos das musas, entre outros), assim como do período visigótico e islâmico.

Túmulo de D. Fernando. Imagem retirada daqui.

A terceira sala, a principal, tem a sepultura primitiva de D. Nuno Álvares Pereira, o túmulo de D. Fernando, assim como o um busto que se crê ser de D. Afonso Henriques. A quarta sala é um tributo aos dois mais conhecidos presidentes da Associação de Arqueológos: Possidónio da Silva (que dotou este espaço de uma biblioteca para auxiliar o estudo arqueológico) e o Conde de S. Januário, que doou uma coleção de objetos exóticos (astecas, chimus e egípcios). Por fim, na última sala, é possível observar (entre outras coisas) um conjunto de azulejos barrocos, assim como uma maquete da igreja do Convento do Carmo.

Em termos técnicos, tem um folheto demasiadamente pobre, tanto em termos de informação como a nível de grafismo. A informação do espólio nas salas está razoavelmente bom, no entanto, o que se encontra na igreja, a céu aberto, tem um ar “desarrumado”, e também não abunda a informação.

Bibliografia e outras fontes:
     Museu Arqueológico do Carmo (folheto de informativo distribuído no museu).
      MARGARIDO, Manuel (2005). Nuno Álvares Pereira, col. “Grandes Protagonistas da História de Portugal”. Lisboa: ed. Planeta Agostini.

     Museuarqueologicodocarmo.pt 

domingo, 3 de novembro de 2013

"A encomenda prodigiosa" - Exposição temporária



 Tratou-se de uma exposição temporária presente no Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu de S. Roque, em Lisboa, entre maio e outubro do presente ano. Exposição de arte sacra, intimamente ligada às origens do Patriarcado Português. Para melhor a perceber, será pertinente estabelecer, ainda que telegraficamente, alguns pontos históricos que possam dar uma melhor contextualização: 

- Em 1716 é criado o Patriarcado de Lisboa Ocidental pelo Papa Clemente XI. A Capela Real do Paço da Ribeira é elevada a Basílica Patriarcal. Este facto surge como uma política de prestígio da Coroa Portuguesa.

- Em 1718 a enviatura de Portugal à Santa Sé, existente desde 1707, é transformada numa Embaixada, após a obtenção da criação da basílica patriarcal.

- Em 1737 é atribuída a dignidade de cardinalícia ao Patriarca de Lisboa Ocidental.
- Em 1748 o Papa Bento XIV atribui a D. João V do título de Rei Fidelíssimo.

A exposição deu pelo nome completo “A Encomenda Prodigiosa, da Patriarcal à Capela Real de S. João Baptista”. O seu espólio consistia essencialmente em encomendas feitas por D. João V a vários artistas romanos, para decoração da Basílica Patriarcal. Entendida como uma extensão desta foi a Capela de S. João Baptista, na Igreja de S. Roque. Se a primeira desapareceu no terramoto de 1755, a segunda fez parte da exposição, como um verdadeiro “património in situ”. 


Esta transmite todo o esplendor e profusão decorativa do barroco, que o ouro vindo do Brasil permitia comprar. Esta capela

“Trata-se de um verdadeiro tesouro da arte, concebida em mármore e colorinda. Os escultores Maine e Giusti fizeram em Carrara os retábulos do tecto. As oito colunas são de lápis-lazuli com alabastro, sendo as figuras dos capitéis em bronze. Quadros em pintura ou em mosaico, representam o baptismo de Cristo no Rio Jordão. A capela é ainda enriquecida com um conjunto de alfaias de requintado valor artístico.” (Serrão, 2006:439).


É impossível transmitir por palavras o que se pode ver naquela exposição. Conta com uma enorme acervo, não só de alfaias litúrgicas, como também de pintura, escultura, mobiliário e paramentaria. Num esforço de trazer de vários pontos e várias coleções do país objetos diversos, foi conseguida a construção de uma exposição ímpar.


A nível da organização, a destacar a elaboração de um folheto simples e acessível, quer em linguagem, quer em grafismo. Por outro lado, elaborou-se igualmente um catálogo da exposição, algo importante não só para se conhecer mais sobre a coleção exposta, como para a fazer durar para além do prazo em que esta esteve aberta ao público. Como aspeto menos positivo, há a referir as tabelas muito pequenas (contudo, prática comum nas nossas exposições).

Bibliografia e outras fontes
(2013). A Encomenda Prodigiosa: Da Patriarcal à Capela Real de S. João Baptista. (folheto de visita à exposição).

Blog “De Lisboa para Portugal” e “Panorâmico”. (Fotos)

MATTOSO, José – dir. (1993). História de Portugal: O Antigo Regime (1620-1807), Vol. 4. S/l: Círculo de Leitores.

SERRÃO, Joaquim Veríssimo (2001). História de Portugal – A Restauração e a Monarquia Absoluta (1640-1750), vol. V, 2.ª edição. S/l: Ed. Verbo.

TENGARRINHA, José – org. (2000). História de Portugal. São Paulo: Instituto Camões.