sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Moinho de Vento da Quintinha – Santiago do Cacém

  
O Moinho de Vento da Quintinha, situado nos limites da Vila de Santiago do Cacém, pode ser classificado como um moinho de vento de torre fixa, de tipo saloio (é rebocado, pintado de branco e com uma barra azul escura).

É desconhecida a data da sua construção. Só se sabe que foi registado em 10 de novembro de 1871. Trabalhou até 1966. Foi adquirido pela autarquia em 1970, contudo a sua recuperação só se verificou em 1982.

Desde essa data, sempre trabalhou, apesar de presentemente ter o mastro danificado, e aguardar pela sua reparação. Os munícipes podiam ver aqui trazer os seus cereais para moer, pagando uma maquia pelo serviço, em vez de um valor monetário. Para além disto, este engenho é o primeiro “moinho-escola” de Portugal, tendo já aqui se formado, para além de alguns estagiários, o moleiro do Moinho do Esteval (Montijo).


É constituído por três pisos, sendo no superior (também chamado de sobrado), que se encontra a moega. Esta é constituída por um casal de mós negreiro, reforçado a cimento e com cambeiros de chapa. O tegão, quelha e chamadouro são de madeira (2). A tração é feita por sarilho. Tendo sido colocado um cata-vento na cobertura, foi feita a montagem de modo a que pudesse ser colocada uma seta visível no interior (3), para o moleiro saber a direção do vento, rodando assim o capelo de modo a apanhar o vento dominante.


Bibliografia:

MATIAS, José (2002). Moinhos de Vento do Concelho de Santiago do Cacém, col. Memória e Escrita Alentejana, vol.4. S/l: Edições Colibri e Centro de Estudos Documentais do Alentejo.

domingo, 15 de dezembro de 2013

O Museu Municipal de Almeirim e os Museus em Almeirim


Foi na passada 6.ª feira que foi entregue o galardão do “Museu do Ano”, pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM). Os três finalistas eram o Museu Machado de Castro, o Museu do Ar e o Museu Municipal de Almeirim. A distinção foi entregue ex-aequo aos dois primeiros, sendo que o MMA recebeu uma menção honrosa (distinção normalmente entregue aos finalistas que não são distinguidos).

Com certeza que a presença de António Nabais e António Viana (dois nomes no mundo dos museus com uma visão e um currículo brilhante) no projeto museológico e museográfico, não estará desligada da credibilidade que pode ser conferida à exposição, e que poderá ter catapultado para esta nomeação. A exposição, apesar de contida e com uma pluralidade de temas superior ao desejável num espaço daquela dimensão, não deixa de representar aquilo que é o concelho: parte da sua história, das suas tradições e das suas memórias. Pessoalmente, sou um crítico a este tipo de museus, precisamente pela sua pluralidade temática.

O concelho de Almeirim conta com mais duas exposições desta índole: o Museu Etnográfico da Raposa, instalado na Casa da Cultura desta freguesia, assim como um acervo patrimonial na sede do Rancho Folclórico de Benfica do Ribatejo. Estas, apesar de terem características indubitavelmente mais amadoras que o MMA, reúnem um interessante espólio das suas comunidades. A articulação que poderia ser feita, ao nível do município, com todos os espaços de exposição patrimonial poderia residir na criação de museus temáticos, isto é, cada espaço um destes espaços (e outros de potencial interesse) dedicados a um determinado tema.

Por outro lado, o edifício que alberga o museu está ligado a este e deve ser encarado como uma continuidade da própria exposição, segundo o que os principais investigadores da área defendem. Algo que podemos encontrar nas exposições da Raposa (a Casa da Cultura foi uma fábrica de descasque de arroz e antes disso houvera sido um moinho) e de Benfica do Ribatejo (com a instalação numa adega pertencente a uma casa agrícola). Contudo, no caso do MMA, a instalação no Centro Coordenador de Transportes Terrestres foi não mais que a reconversão de um edifício para o qual o seu uso inicial não se verificou, não podendo assim considerar-se o edifício como uma extensão da exposição. Também o projeto Centro de Interpretação de Almeirim, que irá ficar alojado nas Escolas Velhas, cumpre com este requisito, apesar de ainda não ser do conhecimento público quais as características e temáticas da exposição.


Na museologia, como em muitos outros setores da sociedade, deve imperar a cooperação entre as várias entidades com acervos patrimoniais, em detrimento do trabalho “por capelinhas”. Evita-se assim museus muito semelhantes num espaço geográfico muito circunscrito. Constrói-se uma rede com a qual se torna mais fácil de trabalhar, na medida em que cada um não precisa de puxar para si, porque todos têm matéria diferente, não se gastando sinergias na “concorrência”, mas sim naquilo que verdadeiramente importa: cooperação, divulgação, promoção e qualidade expositiva. 

domingo, 1 de dezembro de 2013

A propósito de hoje ser 1 de Dezembro

Pouco antes das 9 horas, os conjurados e seus aderentes, em número de 120 pessoas, dirigiram-se ao Paço da Ribeira, (…), e investiram pelos vários salões, enquanto que o padre Gonçalo da Costa disparava vários tiros para anunciar a revolta e fazer afluir a multidão ao Terreiro do Paço. Escondido num armário, o secretário Miguel de Vasconcelos foi abatido a tiro e o seu corpo, ainda com sinais de vida, lançado para a rua, onde o povo deu largas ao ódio que lhe votava como fiel servidor de Castela. A princesa Margarida quis impor-se aos amotinados, mas logo compreendeu que era inútil o apelo à fidelidade, pelo que foi mandada recolher nos seus aposentos. O venerado D. Miguel de Almeida, do alto do balcão principal, proclamou a liberdade da Pátria e a realeza do Duque de Bragança como D. João IV. 
SERRÃO, Joaquim Veríssimo (2001). História de Portugal – A Restauração e a Monarquia Absoluta (1640-1750), vol. V, 2.ª edição. S/l: Ed. Verbo. 

Aclamação de D. João IV - uma pintura de Columbano Bordalo Pinheiro, que frequentemente é associada a este dia.

Comemoram-se hoje 373 da Restauração da Independência. Este é um relato desse dia numa das várias “História de Portugal” que têm sido escritas. Pela primeira vez não é feriado. 

Se as políticas educativas se têm esforçado nos últimos anos por fazer cidadãos menos cultos e menos informados, para que sejam menos reivindicativos, não é menos verdade que se têm esforçado por apagar datas históricas e de relevo para a nacionalidade portuguesa. Acabar com este feriado (ou apenas suspende-lo por um número de anos), é mais um contributo para que a data caia no esquecimento. 

Não deixa de ser interessante de ver que esta foi uma data que passou a ser feriado porque assinala o fim do domínio do estrangeiro sobre Portugal, e que tenham sido forças estrangeiras, a dita troika, a exigir o fim de feriados nacionais (tínhamos muitos, dizem eles), e que tenha sido escolhido logo este. É pelo menos coerente, pois deixamos de ser verdadeiramente independentes, e voltamos a ser dominados por forças estrangeiras. 

É urgente que a sociedade civil se mexa, não só para restaurar este e os outros feriados abolidos, mas também para que esta data histórica não caia no esquecimento, e que os portugueses tenham verdadeira consciência da sua importância.