quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Exposição CCB – África: Visões do Gabinete de Urbanização Colonial (1944-1974)

Esta é uma exposição que está patente até ao final do mês na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém (CCB), com a curadoria de Ana Vaz Milheiro, Ana Cannas e João Vieira. Este é um espaço recentemente criado no CCB, e é dedicado exclusivamente a exposições sobre arquitetura.


Aqui embarcamos numa viagem à urbanização das colónias portuguesas em África (S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné, Moçambique e Angola) numa altura em que o regime vigente precisava de se afirmar não como senhor dos territórios, mas sim colocá-los em pé de igualdade com a metrópole. Criam-se assim projetos para numerosos edifícios nestes locais, sobretudo serviços do estado (escolas, maternidades, hospitais), mas também habitações.



E é precisamente isso que encontramos nesta exposição: as maquetes, as plantas, os desenhos que fizeram parte do trabalho deste gabinete ao longo dos anos. A acompanhar, conseguimos ver fotografias daqueles que foram construídos. A nível dos próprios projetos, estes conheceram três fases, de inspirações diferentes:

1.º Gabinete de Urbanização Colonial – GUC (1944-51): a arquitetura é de inspiração mediterrânea, na sua grande parte, bebendo no sul de Portugal Continental.

2.º: Gabinete de Urbanização do Ultramar – GUU (1952-57): neste período são utilizadas “tipologias mais monumentalizadas e historicistas, associadas aos regimes ditatoriais” (Milheiro, 2013: 10).

3.º: Direcção de Serviços de Urbanismo e Habitação da Direção-Geral de Obras Públicas de Comunicações do Ministério do Ultramar – DSU/DGOP-UM (1958-74): a arquitetura é mais virada, sobretudo, para o nativismo africano, “antecipando visões de autonomia e independência” (idem).


Do ponto de vista técnico, é uma exposição com uma configuração que se pode considerar mais alternativa. Com efeito, as tabelas são simples carateres colados ao chão, enquanto que as imagens pendem simplesmente do teto. Atendendo a que se trata de uma sala ampla, cria um ambiente diferente daquele a que estamos habituados numa exposição “clássica”, ajudado pelo barulho de fundo de duas máquinas a passar diapositivos, e que nos fazem transportar para uma dimensão alternativa.

Bibliografia

MILHEIRO, Ana Vaz (2013). África: Visões do Gabinete de Urbanização Colonial. S/l: Ed. CCB. 
Fotos: Facebook Centro Cultural de Belém. 

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