segunda-feira, 5 de maio de 2014

Origem do Convento da Serra – nos 500 anos da sua fundação

Segundo Frei Luís de Sousa, o Convento da Serra é fundado em 1501 a partir de uma “pobre ermida, situada no meio de uma charneca erma” (Sousa, 1866: 484-485). A origem desta é lendária, como falamos aqui

Ao ser visitada esta ermida por D. João II, este manda faze-la de novo, num sítio onde o acesso fosse mais facilitado aos devotos, visto que o monte era alto e trabalhoso de subir. No entanto, o monarca morre antes de conseguir concretizar esta ideia. Contudo, deixa-a expressa no seu testamento, sendo que D. Manuel I, seu cunhado e primo, que lhe sucedeu no trono, tratará de a mandar edificar.


Gravura de D. João II, de autor desconhecido (1725). Museu da Guarda (Fonte: Matriz.Net)

D. João II houvera recomendado que fosse edificada esta nova ermida junto de uma determinada fonte e que tivesse acomodação para um ermitão. Tendo sido o monarca informado que ali tinham acontecido alguns milagres, por veneração da imagem, fez esmola da capela à Ordem de S. Domingos, em 1501, com a condição de aí fazerem uma missa diária e manter continuamente três sacerdotes. D. Manuel I, para além de mandar fazer a casa, tratou ainda de a decorar ao gosto da época. Com efeito, já em 1498 Pantelão Dias houvera sido nomeado pintor da Ermida. A 27 de novembro 1514 é transportado para o aqui um relógio pelo pintor Jorge Afonso, possivelmente ornamentado por este. Para além disso, mandou o monarca executar um retábulo, entre 1515 e 1518, onde se retratava com a rainha D. Maria e os seus filhos, que ainda à época em que Frei Luís de Sousa escreve ainda durava.

Aquando de uma das suas visitas à ermida, o príncipe – infante D. João (futuro D. João III), pede ao monarca e seu pai que aí pudesse edificar um mosteiro à Ordem de S. Domingos, pedido a que o monarca prontamente acedeu. Durante a construção do convento, o infante D. João pediu ao embaixador do rei em Roma algumas graças para os que visitavam o local, ajudassem no edifício ou os frades com esmolas. Assim, o Papa Leão X “no que tocava ao espiritual de indulgencias, procedia com tanta estreiteza, que lhe não deu mais que cinquenta anos, e outras tantas quarenta de perdão: e isto somente em quatro festas da Senhora, que são Purificação, Anunciação, Assunção, e Nascimento: e na Epifania, precedendo confissão, e esmolla para o convento nos que as ouverem de ganhar” (Sousa, 1866: 486).


Peça escultórica com o Brasão da Ordem de S. Domingos (1871). Autor desconhecido. (Fonte: Martiz.Net)

Ao ser construído o convento, mais que uma casa monástica, este tinha igualmente como objetivo dar aos nobres e reis guarida aquando das caçadas, com aposentos que Frei Luís de Sousa descreve como “casas recolhidas e bom fogo nas chaminés”. O convento tinha uma cerca, horta e nora. A fonte que D. João II mencionara houvera secado, e os frades andavam a ir à água ao Tejo, em talhas de barro. A nora servia para regar a horta, de decoração e fonte artificial, porque a sua água era salobra e não se podia beber.

Custódio (2008) menciona que o Convento da Serra é fundado em 1520, a partir da ampliação da ermida ali existente. Cremos que esta será a data de conclusão da obra ou de dedicação/ sacralização do convento.


Bibliografia:
CUSTÓDIO, Jorge (2008). Almeirim – Cronologia. S/l: Edições Cosmos.
SOUSA, Frei Luís (1866). História de S. Domingos, Livro III, 3.ª edição. S/l: Tipografia Panorama. 


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