segunda-feira, 2 de junho de 2014

Noviciado do Convento da Serra e Frei Tomás - nos 500 anos da fundação do Convento da Serra

Na sua História da Ordem de S. Domingos, Frei Luís de Sousa dedica dois capítulos inteiramente à origem e principais factos ligados ao Convento da Serra. O capítulo subsequente é dedicado a Frei Tomás.

O Convento da Serra, menciona Frei Luís de Sousa, houvera tido noviciado, apesar deste já não existir aquando da redação da sua obra. E menciona este que houve aqui um noviço que “só para lhe dar nome e honra supre por muitos” (Sousa, 1866: 490). Era este noviço Frei Tomás da Costa Varão.

D. João III, por Cristóvão Lopes (1552)

Frei Tomás foi escolhido pelo rei D. João (depreendemos que D. João III) para seu pregador. No entanto, era tal a sua humildade, que apenas entrava no Paço Real para pregar, sempre recusou a sua nomeação para Grão Mestre da ordem, apesar do rei sempre lhe oferecer o título, quando este vagava. Apesar de preferido do rei e dos seus irmãos, é descrita a sua cela como a de qualquer ordinário, despojada de qualquer sinal de riqueza ou ostentação.

Contudo, e apesar de toda a sua fama, Frei Luís de Sousa menciona que era de tal forma reto nos sermões que pregava que não hesitou em dizer “a el-Rei no rosto algumas verdades mui cruas e pesadas” (Sousa, 1866: 491). Em dia de cinzas, no final do sermão, não hesitou em explica-lo ao monarca, dizendo “Muito alto, e muito Poderoso Rei, e Senhos nosso. Estas palavas querem dizer, que Vossa Alteza he pó, e cinza, e n’ella se ha de tornar muito brevemente” (idem). Tal afirmação foi recebida não muito bem, não tanto pelo rei, mas por outros seus validos. O monarca acaba por o mandar desterrar da corte, mas para “a mesma casa de que era filho” (ibidem).

"São Domingos", de autor desconhecido (c. 1505). Pintura no Museu de Aveiro. (Fonte: Matriz.Net)
Estes frades caracterizavam-se por ter o hábito branco e escapulário preto.

Referia-se Frei Luís de Sousa a “esta casa onde era filho” ao Convento da Serra? Parece-nos bem possível, tanto mais que é referido que ele, enquanto desterrado, foi visitado pelo rei, e como sabemos, nesta época a corte estanciava bastante por Almeirim.

Bibliografia:
SOUSA, Frei Luís (1866). História de S. Domingos, Livro III, 3.ª edição. S/l: Tipografia Panorama. 



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