4. O tratamento do Património
4.1. Classificações oficiais
Sobre
este tema, caiba a referência que ao longo dos tempos se alteraram constantemente
as designações das classificações, sobre dos Monumentos de Interesse Municipal
(que já foram Imóveis de Interesse Municipal e Imóveis de Valor Concelhio) e
dos Monumentos de Interesse Público (que já foram Imóveis de Interesse
Público).
4.1.1. Monumento de Interesse Municipal
São
bens que têm um grande interesse sobretudo à escala local, isto é, não têm
grande relevância no panorama nacional, contudo, têm uma forte importância a
nível local, pelas mais diversas razões. Por esta razão, são classificações
atribuídas pelos municípios. A existência de bens com esta classificação nos
municípios está dependente da sensibilidade para as questões patrimoniais de
quem os gere, e não tanto da existência ou não de património nos territórios.
Um
exemplo poderá ser a Capela do Calvário, no concelho de Almeirim, que é um
marco nas celebrações religiosas da Semana Santa na cidade. Por outro lado,
podemos mencionar a Casa de Manuel Vieira Natividade, em Alcobaça, que marca o
local onde viveu uma importante personalidade desta localidade do início do
séc. XX.
4.1.2. Monumento de Interesse Público
Esta
classificação é dada pelo poder central, neste momento pela DGPC, organismo
estatal responsável pelo património nacional. Alguns exemplos que poderemos
apontar serão o Pelourinho de Porto de Mós, uma Janela Manuelina, em Santarém,
ou os Frescos de Santo Agostinho e de Santo Ambrósio, na Capela de Nossa
Senhora da Conceição, concelho de Ourém. Sobre estes últimos, torna-se
importante mencionar que a classificação é apenas dos frescos, e não da capela.
4.1.3. Monumentos Nacionais
Esta
é a mais alta classificação atribuída pelo estado Português. Numa primeira fase
da consciência patrimonial, sobretudo durante a Primeira República e o Estado
Novo, era atribuída sobretudo aos grandes monumentos, associados aos grandes
feitos da nação. São exemplos deste período o Castelo de Ourém ou a Torre das
Cabaças, em Santarém.
Com
o advento da nova consciência pelos bens patrimoniais, passaram a ser mais
apertados os critérios de classificação, passando os bens que detêm esta
classificação a ser conhecidos pela sua singularidade e importância coletiva. A
recentemente classificada Sé de Leiria, juntamente com a Torre Sineira e a Casa
do Sineiro, tem como particularidade o facto da Torre Sineira estar fisicamente
separada e ainda relativamente distante do edifício principal da Sé. Apesar de
não ser o fator determinante, foi este um dos aspetos que marcou a
classificação deste edifício na cidade de Leiria.
4.1.4. Património da Humanidade
As
classificações como Património da Humanidade são dadas pela UNESCO, organismo
da ONU. São bens excecionais, para a humanidade, e que gozam de proteção
internacional. Em Portugal existem 14 bens com esta classificação (entre
culturais, naturais e mistos), aos quais se junta o Fado, como património
imaterial da Humanidade. São exemplos, entre outros, os Mosteiros de Alcobaça e
da Batalha e o Convento de Cristo, em Tomar.
4.2. Instituições que tratam e divulgam
o património
4.2.1. Museu
O
Museu é um lugar onde está exposto um determinado espólio. Esse mesmo espólio,
pela maneira como é apresentado, um discurso ao visitante. A principal missão
do museu é conservar, estudar e exibir os bens que tem à sua guarda. O Museu
Joaquim Manso, na Nazaré, alberga um vasto acervo ligado não só à história
daquela pequena região, mas sobretudo no que diz respeito à faina da pesca,
indo o seu conteúdo dos trajes às embarcações. O Museu Arqueológico D. Diogo de
Sousa, em Braga, construído por forma a preservar e valorizar uma ruína romana,
apresenta ao público, para além desta dita ruína, incorporada no edifício, um
vasto conjunto de vestígios que atestam a presença deste povo, e quem vão desde
as lápides a marcos miliários.
4.2.2. Território Museu
O território-museu é “uma zona que se mantém
coesa por vínculos históricos, geográficos, com recursos patrimoniais e
elementos que lhe conferem uma identidade própria” (Ballart e Juan,
2008:184 – tradução adaptada). Podemos referir, a título de exemplo, a vila de
Evoramonte, cuja história está ligada ao acordo de paz que meteu cobro à Guerra
Civil no início do séc. XIX. A Vila de Óbidos será um outro exemplo, onde para
manter as características do povoado intramuralhas, a autarquia deu aos
proprietários cal para serem pintados os edifícios. Um outro exemplo
passível de enquadrar nesta categoria será a aldeia do Piódão. Em todos estes
exemplos a experiência adquire-se sobretudo pela deambulação nos locais – no
território.
4.2.3. Casas-museu
A
casa-museu é um edifício tratado museologicamente, em que se mantém o estilo de
habitação de determina personalidade ilustre que aí viveu, mantendo viva a sua
memória e a importância que esta assume. Podemos assumir como exemplos a
Casa-Museu Camilo Castelo Branco (em S. Miguel de Seide) ou a Casa-Museu Carlos
Relvas (na Golegã).
Poderá
ser também uma casa típica de determinada comunidade, mostrando assim algumas
das “tradições” domésticas da região onde se insere. Um exemplo será a
Casa-Museu da Madalena, na Rebolaria (Batalha).
4.2.4.Centro de Interpretação
Os
centros de interpretação utilizam variados meios (nomeadamente tecnológicos)
para que o visitante possa ter conhecimento de determinado assunto ou facto. A grande
diferença em relação aos museus é a sua ausência total ou parcial de espólio. Quando
este existe, é relegado para um segundo plano. Podemos tomar como exemplo o
Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota. O espólio aqui existente do
dia da batalha é bastante reduzido (alguns ossos encontrados em escavações
arqueológicas e estruturas defensivas do dia da batalha), mas está aqui reunida
bastante informação sobre a batalha, o movimento das tropas, a conjuntura que
conduziu a esta e como ficou o país após este conflito. É igualmente mostrado
ao visitante um espetáculo multimédia, onde o visitante asiste a uma
reconstituição da batalha.
4.2.5. Património in situ
O património
in situ é aquele que está edificado e
que o visitante tem acesso no próprio local. Tem três níveis de tratamento.
O primeiro,
mais básico, trata apenas em ter o património per si, sem nenhum apoio ao
visitante. Pode estar aberto ou não. Um exemplo será a Capela da Sr.ª do Monte,
nas Cortes – Leiria. Apesar de ser um edifício antigo, com uma dimensão
histórica, religiosa e etnográfica, não consegue passar estes discurso, na sua
grande parte, para os visitantes.
O segundo
nível, complementar, assistimos a uma inclusão de alguns elementos que podem
ajudar o visitante a compreender os locais que estão a visitar. Falamos da
distribuição de mapas, colocação de sinalética (tanto indicativa de direções,
como painéis explicativos). Um exemplo será a Quinta da Regaleira, onde à
entrada é distribuído um mapa aos visitantes para que não só não se percam na
imensidão do espaço, como também o possam compreender um pouco melhor.
O terceiro
nível, a musealização, assistimos à criação de um discurso museográfico,
inclusivamente algumas alterações no edifício para o albergar. Um dos exemplos
que poderemos mencionar será a Sé de Braga, com o Museu do Tesouro da Sé. Para além
do próprio bem patrimonial – a Sé – foi construído um museu, que alberga um
largo espólio religioso deste local, e que cria um discurso ao visitante que
permite conhecer melhor a mais antiga Sé portuguesa.
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