Em
relação aos compadrios estabelecidos por António Roiz e Maria Cordeira, isto é,
os batismos onde foram padrinhos ou os casamentos onde foram testemunhas,
podemos chegar a algumas conclusões. Em primeiro lugar importa referir que
estes foram padrinhos de 17 batismos (em casal ou com um dos filhos) e António
Roiz foi testemunha de quatro casamentos (por norma, apenas homens
testemunhavam casamentos). Posto isto, podemos afirmar que do total de 21
registos, em oito os compadres viveriam em moinhos também. Contudo, poderá isto
ser explicação? Com efeito, no batismo em comum com a sua filha Merenciana,
aludido anteriormente, trata-se de uma relação de vizinhança, uma vez que todos
são moradores no Moinho dos Gagos. Por outro lado, são padrinhos de batismo em
1717, 19 e 20 de três filhos de Manuel Cordeiro e Isabel Garcia (apesar de um
dos assentos estar grafado “Isabel da Silva” cremos ser possível de afirmar que
se trata de um erro do pároco), moradores no Moinho do Fidalgo (também
designado como “Moinho do Fidalgo Fernão Teles de Meneses”). Todavia, podemos
perguntar-nos: será esta uma relação de compadrio entre uma elite ou entre uma
família? Com efeito, seria Manuel Cordeiro irmão de Maria Cordeira?
A
mesma pergunta pode fazer-se em relação a João Nunes e Maria Roiz. Na verdade,
estes foram padrinhos de batismo de dois dos filhos de António Roiz e Maria
Cordeira e João Nunes testemunha de casamento de uma das filhas de António
Roiz. Por outro lado, António Roiz e uma das suas filhas foram padrinhos dos
filhos mais novos de João Nunes e Maria Roiz. Tendo em conta que dos filhos
mais velhos foram padrinhos o almoxarife Paulo Soares da Mota e sua mulher, e
que como aventamos aqui, a escolha após a possível morte do
almoxarife de alguém de relevo na sociedade da Ribeira de Muge do séc. XVIII,
ou de um familiar (será António Roiz irmão de Maria Roiz?)? Ou ambas?
Capela do Paço Real da Ribeira de Muge, em 2006
Foi aqui que se casou Josefa Maria, filha de António Roiz e Maria Cordeira.
Para
além de todos estes aspetos que temos vindo a focar, há ainda mais dois que nos
podem fazer despertar a importância que António Roiz e Maria Cordeira poderiam
ter. Em primeiro lugar, o casamento da sua filha Josefa Maria, que se deu não
na Igreja Paroquial de Santo António da Raposa, mas sim na “Capela dos Passos
dos Negros”. A nós parece-nos que aqui se casariam pessoas por exceção e não
por regra. Em segundo lugar, mais que proprietário, António Roiz era patrão.
Com efeito, num assento de óbito datado de 7 de abril de 1730, de Manuel
Coelho, é mencionado que este era criado de António Rodrigues.
Maria
Cordeira irá morrer a 19 de dezembro de 1733, no Moinho dos Passos dos Negros.
António Roiz morrerá quatro anos depois, a 14 de junho de 1737, no mesmo local.
No assento de óbito deste é mencionado que foi casado com Maria Martins.
Acreditamos contudo que se trate de um equívoco do pároco.
Fontes:
(1706-1741). Livro dos defuntos, dos baptizados e dos casados – Raposa (Sto.
António).
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